Flamengo Tricampeão Carioca 2001

rês finais, dois gols de falta, um rival, e o quarto tricampeonato estadual de futebol da história do Flamengo. De Rodrigo Mendes, em 1999, a Petkovic em 2001, um show rubro-negro contra o arqui-rival Vasco da Gama, em três finais seguidas do Campeonato Carioca com os três troféus indo para a Gávea.

Comandado por Romário e Athirson, o Fla conquistou o primeiro o título em 1999 com um gol de um coadjuvante. O meia Rodrigo Mendes, em cobrança de falta rasteira, aos 32 minutos, surpreendeu o goleiro Carlos Germano, do Vasco, e abriu o placar para o Rubro-Negro, que como tinha empatado o primeiro jogo em 1×1, conquistou o troféu. Foi só festa para a torcida do Flamengo, que ainda viria a comemorar o título da Copa Mercosul no mesmo ano.

time tricampeao de 2001

No ano seguinte, em 2000, com Romário jogando do outro lado, e após tomar uma goleada de 5×1 para o Vasco da Gama, na final da Taça Guanabara, o Fla não se abateu, venceu a Taça Rio, e chegou à final do Campeonato Carioca contra o arqui-rival, que era o favorito, e que depois viria a conquistar a Copa Mercosul e o Campeonato Brasileiro daquele ano.

Mas, o favoritismo dos cruzmaltinos foi por água abaixo logo no primeiro jogo da final. Com gols de Athirson, Fábio Baiano e Beto, o Flamengo fez 3×0 e colocou uma das mãos na Taça. A confirmação veio no jogo seguinte, com uma vitória por 2×1, com gols de Tuta e Reinaldo, que decretaram o bicampeonato rubro-negro.

Em 2001, o tri veio com a coroação do iugoslavo Petkovic. Após vencer a Taça GB em uma disputa de pênaltis emocionante contra o Fluminense, o Flamengo chegou a mais uma final de Campeonato Carioca. O adversário? O Vasco da Gama, que estava com o Rubro-Negro engasgado desde 1999. E, não foi dessa vez que a equipe de Eurico Miranda conseguiu se desengasgar. Mesmo vencendo o primeiro jogo da final por 2×1, os vascaínos não conseguiram levar o caneco para São Januário. Tudo por causa da dupla Petkovic e Edílson.

Com dois gols do artilheiro do campeonato, Edílson, o Fla vencia a partida por 2×1 até os 43 minutos do segundo tempo. O placar dava o título ao Vasco, e a torcida cruzmaltina já comemorava, quando o árbitro Léo Feldman marcou falta para o Flamengo. Com muita categoria, Pet cobrou o tiro livre com perfeição e fez explodir a torcida rubro-negra, maioria no Maracanã e em todo o Brasil. 3×1, e a certeza de mais um título em cima do rival. Uma sequência inesquecível de títulos para todos os torcedores do Flamengo.

O jogo do Título: Flamengo 3×1 Vasco

Um jogo digno de Flamengo e Vasco. Um jogo digno de final de Campeonato Carioca. Esta foi a decisão do Estadual do Rio de Janeiro do ano de 2001. Diante de mais de 60 mil pessoas no Maracanã, o Fla fez o impossível. Não tomou conhecimento do rival e de sua vantagem, e aplicou um 3×1 inesquecível, com dois gols de Edílson, artilheiro do campeonato, e um de falta do maestro Petkovic, imortalizado na história do Clube.

Durante o primeiro tempo, o jogo foi bem agitado. Nervoso e precisando do resultado, o Flamengo pressionava, enquanto o time de São Januário se mandava nos contra-ataques. Logo no início do jogo, Viola poderia ter aberto o placar para o Vasco da Gama, mas Júlio César Soares Espíndola salvou o Fla. Mas, aos 23, quem, de fato, abriu o placar, foi o Flamengo. O lateral-esquerdo Cássio foi derrubado na área. Pênalti. O artilheiro do time do Campeonato, Edílson bateu e marcou. 1×0 para o Rubro-Negro, que precisava de mais um gol para conquistar o título.

No entanto, quem marcou em seguida foi o Vasco. Primeiro com Euller, em gol que foi anulado pelo bandeirinha, devido ao impedimento. Depois, após tanto pressionar, e perder novas chances com Viola e Euller, Juninho Paulista empatou o jogo, após receber passe do atacante Viola, dentro da área. O próprio Juninho poderia ter decidido o jogo. Mas, Júlio César salvou o Fla. De novo. Fim do primeiro tempo, vantagem do Vasco, com o Flamengo precisando de dois gols para ser campeão. Honrando a camisa que vestiam, os jogadores nunca deixaram de acreditar.

Na volta do intervalo, o Flamengo mostrou ao que veio. Empurrado pela torcida, mesmo com o título longe, o Rubro-Negro se superou, e chegou ao segundo gol. Aos 8 minutos, começava a brilhar a estrela de Petkovic. Em bela jogada pela ponta-esquerda, o camisa 10 do Fla deu belo cruzamento para o artilheiro Edílson, o baixinho da vez, já que Romário, do Vasco não jogou, completar de cabeça: 2×1 para a equipe vermelha e preta.

A partir daí, só emoção. Juninho Paulista cobrou falta com perigo e acertou o travessão de Júlio César. Euller chegou a driblar o goleiro em outro lance perigoso a favor dos cruzamaltinos. Mas, ficou sem ângulo, e perdeu a chance. O Vasco era só pressão, mas parava nas mãos do iluminado goleiro rubro-negro. Até que, aos 43 minutos do segundo tempo, com a torcida vascaína já comemorando o título, veio o momento que não sai da cabeça de quem assistiu àquela decisão.

Falta para o Flamengo, na entrada da área, em cima de Edílson. Adivinha quem vai bater? É o camisa 10 da Gávea. Música famosa de Jorge Ben, em homenagem a Zico. Não foi bem este camisa 10 da Gávea quem bateu. Foi outro. O sérvio Petkovic. Mas a classe e categoria da cobrança foram as mesmas do Galinho de Quintino, maior ídolo da história do Clube. As imagens não saem da cabeça dos rubro-negros. O lateral-direito Alessandro rezando no banco de reservas. Zagallo segurando uma imagem de São Judas Tadeu. O então técnico vascaíno Joel Santana desesperado no banco. Era um momento decisivo. Caso o Flamengo fizesse o gol, seria tricampeão. Em uma linda coreografia, a torcida rubro-negra passou energia positiva para o time. O árbitro Léo Feldam apitou, Petkovic partiu para a bola, e como se tivesse colocado com a mão, a bola foi parar no fundo das redes, no ângulo esquerdo do goleiro vascaíno Helton. Sem chances, indefensável, indescritível, emocionante. Uma explosão de alegria em vermelho e preto se deu no Maracanã e em todo Brasil.

A partir daí, foi só comemorar. Abrindo o novo século no futebol carioca com um título todo especial. Um tricampeonato na virada do século XX para o século XXI. Um tricampeonato com três conquistas em cima do arqui-rival Vasco. Um tricampeonato com tudo que o torcedor do Flamengo merecia, e da maneira que ele mais gosta: com raça e emoção.

Zizinho

Zizinho

Márcio BragaThomaz Soares da Silva (São Gonçalo, 14 de setembro de 1921 — Niterói, 8 de fevereiro de 2002), conhecido como Zizinho, foi ídolo de infância de Pelé. Algo mais precisa ser dito sobre Thomaz Soares da Silva, o Zizinho? Era ídolo não só de Pelé e da torcida do Flamengo, mas também de todos que admiravam o bom futebol. Melhor jogador brasileiro da época, Zizinho é um típico exemplo de que “Craque o Flamengo faz em casa”.

Sua carreira começou em 1939, no Rubro-Negro. Havia sido recusado pelo América e feito uma pequena passagem pelo São Cristóvão, mas começou mesmo foi no Fla. E à primeira vista, o Thomazinho, muito franzino, provocava desconfiança. Mas era só dar a bola em seu pé, que isso ficava pra trás. Assim como os adversários.

Sua raça e habilidade, logo lhe deram espaço na equipe do Flamengo. Com muita clarividência, antecipava as jogadas e compreendia como poucos a dinâmica do futebol. Por isso, passou a ser reverenciado como Mestre Ziza. E, de fato, era um Mestre. Foi o maior jogador do primeiro tricampeonato carioca do Flamengo, de 1942 a 1944. Segundo Nélson Rodrigues, bastava os alto-falantes do Maracanã anunciarem o nome de Zizinho para saber quem seria o vencedor da partida.

Em 11 anos vestindo o Manto Sagrado, Zizinho marcou 145 gols em 318 jogos. Deixou o Rubro-Negro em transação polêmica, em 1950. Foi para o Bangu, pouco antes da Copa daquele ano, que foi a grande decepção de sua carreira e de todos os brasileiros da época. Porém, mesmo com a derrota diante do Uruguai na final da competição, o Mestre Ziza foi considerado o melhor em campo. Ficou no Bangu até 1957, e de lá foi para o São Paulo, onde ficou por um ano, e depois para o Audax Italiano, do Chile, onde encerrou sua carreira, em 1962.

Flamengo Campeão

Flamengo Campeão da Copa Mercosul 1999

A Copa Mercosul foi uma competição disputada entre os anos de 1998 e 2001 pelos principais clubes de Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile. A competição foi criada para substituir a Supercopa dos campeões da Libertadores da América e os integrantes eram escolhidos pela emissora de televisão que organizava o torneio. Foi substituída pela Copa Sul-Americana em 2002.

Após uma campanha não muito boa na competição no ano de 1998, o Rubro-Negro, comandado pelo técnico Carlinhos, fez bonito no ano seguinte, e chegou à decisão da Copa Mercosul. Depois de partidas memoráveis, como um 7×0 diante do Universidad do Chile e um 4×0 pra cima do Independiente, da Argentina, o Rubro-Negro chegou à final do torneio contra outra equipe brasileira. O adversário (e favorito ao título) era o Palmeiras, atual campeão da competição, e que tem uma grande história na Copa Mercosul. Chegou à três finais do torneio (mas levou o troféu apenas uma vez).

Foi em 16 de dezembro de 1999 que foi disputada a primeira partida da final. Diante de um Maracanã não muito cheio, o time da Gávea proporcionou uma partida emocionante aos seus torcedores. Em um jogo cheio de viradas no placar e com muitos gols, a equipe rubro-negra venceu por 4×3, e deu o primeiro passo rumo a mais um título internacional na sua história, mesmo sem o grande jogador daquela campanha, o atacante Romário, que desfalcou o Fla nas partidas decisivas.

E, no dia 20, as equipes fizeram o jogo de volta da finalíssima. Em um Palestra Itália com mais de 30 mil pessoas, o time da Casa abriu o placar, mas não conseguiu segurar o resultado da partida, que acabou terminando em 3×3, resultado que deu o título ao Flamengo, campeão fora de casa, derrotando o favorito Palmeiras, que sonhava com o bicampeonato.

1° Jogo da Final

Palmeiras e Flamengo fizeram uma decisão eletrizante, com dois grandes jogos de futebol, dignos de uma final de torneio internacional. Na primeira partida, realizada no Maracanã, levou a melhor o time carioca.

No primeiro tempo, o Flamengo começou melhor, e logo aos 5 minutos abriu o marcador com uma bela cabeçada de Juan, completando cobrança de escanteio vinda do lado direito do ataque rubro-negro. Mas, o time carioca se acomodou e o Palmeiras não deixou o Fla em paz até fazer o gol de empate, aos 44 minutos, com o zagueiro Júnior Baiano, em chute de dentro da pequena área, após falha do goleiro rubro-negro, Clêmer.

No segundo tempo, o pequeno público que foi ao Maracanã – o estádio está em reformas para o Mundial de Clubes e só foram colocados 20 mil ingressos – garantiu o seu ingresso. Em apenas seis minutos, o torcedor viu quatro gols.

Aos 22 minutos, o atacante colombiano Asprilla deixou o Verdão na frente, em mais uma falha do goleiro Clêmer, e de toda a defesa do Fla. Mas, aos 25 minutos, foi a vez de Caio marcar. O atacante empatou a partida para o Flamengo, em uma cabeçada que completou cruzamento de Leandro Machado. Dois a dois.

No entanto, em outra falha da defesa rubro-negra, o Diabo Loiro, Paulo Nunes, apareceu sozinho dentro da área do Fla, e desempatou, aos 27 minutos, deixando o Palmeiras na frente. Um minuto depois, o inspirado Caio marcou novamente para o Fla, após tabela na entrada da área, deixando tudo igual: 3 a 3.

Mas a emoção maior da partida aconteceu com Reinaldo aos 44 minutos. Após o próprio atacante perder um gol feito, dentro da pequena área, ele escorou de cabeça cruzamento de Athirson, e viu a bola morrer mansa no fundo das redes do Palmeiras. Era a decisiva virada rubro-negra. Quatro a três, em um jogo emocionante, que terminou premiando os torcedores e jogadores do Fla, que viriam a conquistar o título na semana seguinte.

Ficha Técnica

FLAMENGO 4×3 PALMEIRAS
1º Jogo da Final da Copa Mercosul 1999

Local: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Data: 16/12/1999

Gols: Juan (FLA) 5’/1ºT, Júnior Baiano (PAL) 44’/1ºT, Asprilla (PAL)22’/2ºT, Caio (FLA) 25′ e 28’/2ºT, Paulo Nunes (PAL) 27’/2ºT e Reinaldo (FLA) 44/2ºT

FLAMENGO: Clêmer, Maurinho, Célio Silva, Juan e Athirson; Leandro Ávila, Marcelo Rosa (Rodrigo Mendes), Leonardo Inácio e Iranildo (Caio); Leandro Machado e Reinaldo. Técnico: Carlinhos.

2° Jogo da Final

Após a emocionante vitória de virada pelo placar de 4×3 no Maracanã, o Flamengo foi embalado para São Paulo enfrentar o Palmeiras, mesmo sabendo que uma derrota por 1×0 tiraria o título da Gávea. Carlinhos armou uma equipe sem medo, e que, mesmo sem Romário, assim como no primeiro jogo da final, soube se portar muito bem. E, como manda o figurino, ganhou mais um título na raça e na emoção.

Empurrado por 32 mil torcedores e pela promessa de um prêmio de US$ 1 milhão de bicho, o Palmeiras começou pressionando a equipe flamenguista, mas de forma desordenada. Paulo Nunes, Asprilla, Euller e Alex tentavam resolver tudo sozinhos, abusando dos lances individuais. A torcida começou a apoiar e, a partir de então, o time começou a atuar de forma mais coletiva. Aos 20 minutos, o zagueiro do Fla Célio Silva tentou dar um bico pra frente e pegou mal na bola. Paulo Nunes recuperou e tocou para Zinho, que deixou o lateral Júnior livre dentro da área. Ele foi derrubado por Leandro Machado. Pênalti, que Arce converteu colocando o Verdão com vantagem no placar.

Logo em seguida, o Fla ameaçou em contra-ataque rápido pelo lado direito. Em tabela de Caio com Rodrigo Mendes, saiu um bom cruzamento para Reinaldo, mas a zaga palmeirense fez o corte. O jogo ficou equilibrado até o fim da primeira etapa, quando o Palmeiras vencia por 1×0 e tinha o título nas mãos.

Na volta do intervalo, em um contra-ataque o Flamengo marcou o gol de empate, com Caio, na sobra de um lance confuso na área alviverde, na saída do goleiro Marcos do gol.

Para não fugir à regra, o jogo continua eletrizante. Aos 11 minutos, Rodrigo Mendes acerta um chutaço de fora de área, após pegar sobra da zaga palmeirense, e vira o jogo: 2 a 1 Mengo. A torcida rubro-negra ainda comemorava quando Arce, de falta, empatou novamente a partida, em falha do goleiro Clemer. Aos 22, o meia palmeirense Zinho fez boa jogada pela ponta e cruzou na cabeça de Paulo Nunes, que virou novamente o jogo. Mas de nada adiantou para os alviverdes.

Assim como no Maracanã, o Flamengo viria a garantir o resultado favorável no finalzinho da partida. Logo após o gol de Paulo Nunes, o atacante Leandro Machado quase empatou para o Fla, de cabeça. Era um aviso de que o gol do empate e do título estava por vir. Depois, foi a vez de Iranildo, após boa jogada individual, quase marcar. Estava pintando o gol rubro-negr. E ele veio. Desta vez, foi aos 38 minutos da segunda etapa. Em outro contra-ataque bem armado, Lê fez grande jogada individual, tabelou com Reinaldo, saiu de frente para o gol do goleiro Marcos, e com um toque de categoria, balançou as redes e saiu para a comemoração, em prantos. Era o gol do título flamenguista.

A vitória heróica do Rubro-Negro fez a alegria dos torcedores que compareceram ao Palestra Itália e também da Nação ao redor do Brasil. No Rio de Janeiro, a festa foi muito grande. Era o Flamengo voltando a conquistar um importante torneio internacional.

Ficha Técnica

PALMEIRAS 3×3 FLAMENGO
2º Jogo da Final da Copa Mercosul 1999

Local: Parque Antárctica, São Paulo (SP)
Data: 20/12/99

Gols: Arce (PAL) 20’/1ºT, Caio (FLA) 5’/2ºT, Rodrigo Mendes (FLA)11’/2ºT, Arce (PAL) 20’/2ºT, Paulo Nunes (PAL) 22’/2ºT e Lê (FLA) 38’/2ºT

FLAMENGO: Clêmer, Maurinho, Célio Silva, Juan e Athirson; Leandro Ávila, Marcelo Rosa (Lê), Leonardo Inácio (Rodrigo Mendes) e Caio (Iranildo); Leandro Machado e Reinaldo. Técnico: Carlinhos.